Sem prazo, sem aviso, sem detença,
aconteceu em abril
o mais esperado tempo
e, com ele, o cheiro
da terra que nos pertence.
No contorno deste chão
um grito abraçou o povo comovido
com o assombro e com os cravos.
Reinventaram-se os sonhos
e as palavras fraternas.
Era madrugada em lisboa.
E o dia captou a dádiva da luz matinal
para que cintilasse no olhar de toda a gente.
No clamor de cada rua,
a palavra liberdade
passou de boca em boca,
até ao enrouquecimento da alegria.
Graça Pires
De Era madrugada em Lisboa: louvor a um dia com tantos dias dentro, 2024